sábado, 2 de outubro de 2010

RE-EDUCAÇÃOVÉSICOINTESTINAL (RVI)



                   RE-EDUCAÇÃOVÉSICOINTESTINAL  (RVI)


     Meu dever como “prestador de serviço” é trabalhar ao lado dos pacientes com lesão medular, mostrando-lhe que muito se pode e deve ser feito para a garantia de um corpo sadio, mesmo que ele - o corpo – adquira uma nova expressão, uma nova dinâmica, seja ela interna ou externa.
     A propósito tenho visto uma triste e dura realidade social e profissional no âmbito da reabilitação, em que médicos, enfermeiros, neurologistas, fisioterapeutas e etc. não estão preparados ou interessados na causa para estarem atuando tanto na esfera da saúde pública como privada.
     Sabe se que até o ano de 1972 o uso de cateterismo se dava uma única vez por dia e com uso de luvas, mas pesquisas levaram a outro conceito o do Cateterismo Intermitente Limpo (CIL) que há anos vem melhorando significativamente a vida de pacientes com lesão medular, esse procedimento é usado em um numeroso tipo de disfunção de armazenagem e esvaziamento vesical. Quando a própria pessoa pode realizar esse procedimento sozinha,   dar-se o nome  de auto-cateterização  e se requer o auxílio de uma terceira pessoa ou executado por outro aí chama-se cateterismo assistido .
     As pesquisas  verificou que o (CIL) tem um menor índice de infecções, e as que ocorrem são sem sintomatologia que exigisse terapêutica medicamentosa, é a chamada infecção urinária ou bacteriúria assintomática.
     Nesse ponto é importante ressaltar que os sintomas das infecções urinárias no paciente com lesão medular não se evidencia da mesma  forma que numa pessoa que não apresenta tal tipo de lesão. A infecção urinária nesses pacientes pode  sinalizar -se  através de alterações macroscópica da urina,  hipetermia,  inapetência, aumento da  espasticidade  ou contrações involuntárias, maior intencidade da dor neuropática e principalmente do volume e freqüência das perdas urinárias. Não podemos  sub-diagnosticar ou hiper-valorizar alguns sinais e sintomas.
     Uma  outra discussão é a de reutilização de sonda em ambiente domiciliar, porém o que se pode afirmar com toda certeza é que aquele que realiza o cateterismo tem um menor índice de infecção do trato urinário.
     Apesar das discussões o cateterismo, com o uso uma única vez da sonda descartável apresenta índice de ITU (infecção no trajeto urinário) semelhante aqueles que re-aproventam a sonda. O ponto chave da discussão é a higiene das mãos ao iniciar a técnica , e higienizar a genitália , a lavagem da sonda em água corrente e posteriormente o seu acondicionamento em local seco e limpo:além ainda do uso de lubrificante hidrossolúvel.  Aqueles que apresentam sensibilidade preservada no canal uretral, hipo ou hiperestesia carecem de lubrificantes acrescidos de anestésicos,  para que seja minimizado o desconforto. Não se pode usar em hipótese  alguma produtos à base de óleo ou vaselina,  pois esses tendem a agregar ressíduos  urinários e com isso formar estruturas calculogênicas no interior da bexiga aumentando muito mais o potencial e manutenção da infecção urinária. Mesmo vaselina “esterelizada”.  O uso desse material em geral traz um aspecto turvo da urina nos coletores, além dos  acentuados  sintomas característicos, como  febre, prostação,  espasticidade,  dentre outros.
     Outrossim, o cateterismo intermitente limpo (CIL) visa o esvaziamento regular da bexiga para que sejam mantidas condições ideais  para que ela se mantenha  mais resistente a infecções, diminuir o risco de formações de cálculos e principalmente parta que não haja o refluxo vesicoureteral e hidronefrose,  dois potentes colaboradores para deteriorização renal, e finalmente diminuir ou impedir as perdas urinárias que interferem substancialmente na qualidade de vida do paciente com lesão medular e de sua família.
     Em relação ao intestino, a literatura fala muito pouco do assunto, mas informa que a lesão medular afeta  a fisiologia de todos os segmentos do aparelho gastrointestinal.  Existe,  portanto um retardo do esvaziamento gástrico, principalmente em tetraplégicos  por alterações na função autonômica. Há ainda variações no tono abdominal, que pode resultar em ausência de ruídos hidroaéreos, por isso aumentam as chances de atonia e íleo paralítico, que  podem causar vômito e aspiração.  O retardo na  evacuação ,   caracterizado pela constipação ou obstipação , se deve a atonia pela diminuição do rítmo e intensidade peristáltica:e grande partes dos pacientes com lesão medular  ou fase aguda, que geralmente permeia os três primeiros meses pós-lesão,  experimentam longos períodos no leito  ou por estarem aguardando definição quanto a mobilidade da coluna e  por lesões concomitantes com o trauma medular, e isso aumenta muito mais o retardo  da evacuação que é incrementado pelo ressecamento do bolo fecal restrito à ampola retal.
     Partes dessas complicações é de nossa  responsabilidades , pois muitos não são estimulados a manterem  a ingestão hídrica, a dieta não é mantida exclusivamente laxantes, isso colabora sobre maneira para a constipação.
     A dieta laxante,  ou rica em fibras ou balanceada devem estar livre de alimentos que tornem o bolo fecal pesado e pobre em água.  Evidentemente,  sabemos que a mudança de qualquer hábito alimentar nem sempre é uma experiência tranqüila,  principalmente  Para alguém que acaba de experimentar uma lesão medular, com maior agravamento  atribuído ao fato de que o brasileiro não sabe escolher seus alimentos de consumo aliado ainda aos apelos gastronômicos da mídia  tendenciosos  pelos excessivos enfoques nos produtos industrializados.  Outro ponto interessante a considerar é o meio entre a mudança de hábito alimentar, hábitos regionais ( que são muito no Brasil ) e as crendices populares, É preciso muita cautela   e alguma vivência para abordar tal assunto.  Mas alguns aspectos são de  fundamental  importância que mostremos aos pacientes que tais costumes não tem significado prático, como não comer abacaxi ou peixe com escamas grossas, pois acredita-se que impedem a cicatrização de feridas, se ao mesmo tempo ele apresenta quadro de infecção urinária  o consumo de abacaxi poderia lhe ser bastante útil, da mesma forma que  a proteína do peixe. A falta de orientação, acompanhamento e avaliação do profissional de saúde no que tange a ingestão e ou aceitação da dieta, associada ao escasso volume de líquido, ingerido nas 24 horas faz com que o paciente com lesão medular fiquem sobremaneira  desidratados, desnutridos e mais vulneráveis dos quadros infecciosos, viróticos e  e.t.c.
  Muitos  são os pacientes em centros de reabilitações que optam por tomar pouco líquidos e apenas comer após. Quarta feira,  pois  como passam o final de semana na família. Vivem em constante estado de ansiedade temendo passar  vergonha na frente dos amigos, e alegam preferir” morrer de fome e sede “do que ter que “pagar mico “nas sessões de fisioterapias.
  Isso é um quadro de falta  de compromisso, respeito, e  senso humanitário a si mesmo.                                                                                                                                                   

                                   
                            JOEL TRANCOSO CLAUDINO

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