segunda-feira, 11 de outubro de 2010

PALAVRAS E FRASES INADEQUADAS DITAS POR REPÓRTERES DE TELEVISÃO E RÁDIOS


PALAVRAS E FRASES INADEQUADAS DITAS POR                       
        REPÓRTERES DE TELEVISÃO E RÁDIOS
     Eu penso que o jornalista e os órgãos de comunicação devem ter sempre o cuidado de verificar a terminologia correta antes de publicá-la ou verbalizá-la. Vou apresentar algumas matérias jornalísticas que vi em televisão, exemplos de deslizes cometidos por repórteres quando se referiram a pessoas com deficiência.
     “Stefphen Hawking, um gênio da física, preso a uma cadeira de rodas, produz uma obra revolucionária.”
     A palavra preso (assim como confinado), além de ser incorreta, perpetua a imagem do coitadinho, de sofredor. A cadeira de rodas é apenas um recurso para suprir a necessidade de locomoção. Bastaria ter dito: ”Sentado numa cadeira de rodas”.
     “ Este apartamento é da Srª Ivani Trancoso , Ela é cega . mas mora sozinha há 15 anos.”
     Eis aqui o preconceito embutido no raciocínio do repórter: ” Pessoa cega não deveria morar sozinha ou não é capaz de morar sozinha”. Por isso,  ele disse: “ela é cega e mora sozinha “.  Bastaria dizer “ela é cega mora  sozinha”.
     “Só movimentando a cabeça e preso a uma cadeira de rodas especial que ele comanda com os movimentos com a boca, se formou em direito pela Universidade de Brasília.”
     Este outro repórter também disse “preso a uma cadeira de rodas”. É uma tendência das pessoas que querem exagerar a carga emocional da situação. É o hábito de contrapor “algo supostamente bem negativo”                     (estar numa cadeira de rodas)a “algo supostamente bem positivo” (formação em direito) para aumentar o mérito de uma ação supostamente muito boa( o esforço de concluir um curso superior).
       “ Super-homem. Vítima do destino, vive como um paralítico após sofrer uma queda de cavalo. Desde então o ator vive uma luta dramática em busca de recuperação. O drama de Chistopher Reeves emociona milhões de pessoas. A imagem de homem dotado de superpoderes  foi substituída pela imagem do tetraplégico. Disposto a vencer a dura realidade, ele vem mostrando a força e a disposição de um super-herói. Reeves é um grande exemplo de superação. Mesmo imobilizado numa cadeira de rodas o ator acaba de lançar um filme que assina a direção”.
      Em apenas 35 segundos este repórter conseguiu falar sete frases inadequadas, exagerando completamente a carga emocional dos fatos, além de usar algumas palavras incorretas, tais como “vítima do destino”, “imobilizado numa cadeira de rodas”, observem os chavões que ele usou pra criar imagens sensacionalistas: “ vive uma luta dramática”, “emociona milhões de pessoas”, “ vem mostrando a força e a disposição de um Super-herói”, “ um grande exemplo de superação”. Tudo isso reforça o esteriótipos que os próprios portadores de deficiência  vem lutando há décadas para eliminar.  São  as falsas compensações para minimiza a dimensão da deficiência.
     “Renato tem 8 anos e sofre de distrofia muscular progressiva”.
     Aqui a palavra incorreta é “sofre”, que induz o ouvinte a ter pena de Renato. O correto é  simplesmente dizer : “Renato tem distrofia muscular progressiva”
      Os pais que não tem vergonha de ter filhos diferenciados levam suas crianças para brincar no calçadão de  Copacabana .”
     Ao desejar atribuir um mérito aos pais, o mérito de não ter vergonha, repórter generalizou os motivos que os pais teriam para ir ao calçadão de   Copacabana  e usou o termo” filhos diferenciados”, que é inadequado, quando poderia  ter dito simplesmente “ filhos com deficiência”.
  Enfim... Somente com a terminologia adequada e com a abordagem correta  em relação a nova imagem da pessoa com deficiência, a mídia poderá usar o seu poder para ajudar a transfomar a sociedade em uma SOCIEDADE INCLUSIVA.
                                    JOEL TRANCOSO CLAUDINO 

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