sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

AS MUITAS IMPLICAÇÕES DA DEFICIÊNCIA NOS CONTEXTOS FAMILIAR E SOCIAL


AS MUITAS IMPLICAÇÕES DA DEFICIÊNCIA NOS CONTEXTOS
                                    FAMILIAR E SOCIAL

     Não é de hoje que percebo a atmosfera de ansiedade com forte teor de preocupação que domina o cotidiano da maioria das mães, do futuro reservado a seus filhos com deficiência.
Cuidadora em tempo integral de seus filhos e guerreiras (in) substituíveis, essas mulheres embora desgastadas pelo absoluto fazer e pensar na prole apresentam-se aparentemente incansáveis e absolutamente determinadas no agir para cuidar do suprimento das necessidades físico-sensoriais, funcionais, emocionais, mentais e existenciais, de seus filhos.
     Aquele tipo de criatura que se esconde para chorar, só pra que seus filhos deficiente não flagre a exposição de sua face frágil e capaz de extravasar emoções contidas.
     Tenho ao longo destes anos ouvido destas mães sempre as mesmas histórias, procuro orienta-las. São mães de crianças e jovens com lesão cerebral, com síndrome de down, surdas, cegas, com deficiência física, entre outros acometimentos que envolvam alterações funcionais e sensoriais. Ouço sempre as mesmas frases quem irá assumir o meu lugar quando eu não mas estiver aqui? Porque não existe políticas públicas para a criação de instituições para abrigar pessoas com deficiência, após a morte de seus pais? Eles vão ficar onde? O que os governos tem feito neste campo e o que pode ser oferecer às famílias neste aspecto?
     Argumentam que não compeendem existirem tantos investimento do setor público e privado, balizando no atendimento de outros segmentos da sociedade, em contra partida inexiste iniciativas para criar unidades de longa permanência para pessoas com deficiência.
Uma delas me falou: Estou tão cansada com tudo isso e muito preocupada. Já não sou mais a mesma. Cuidar dele ( adulto com lesão cerebral ) o tempo todo, há trinta e dois anos...
     Com simples palavras descortinam perversas lacunas a serem preenchidas no contexto da sociedade contemporânea, a partir do momento em que se invista para a criação de espaços institucionais dignos para atender das pessoas com deficiência em tempo integral.
     Instituições que se prestem também a cuidar e assistir essas mulheres, dando-lhes suportes psicológico, atendimento aos problemas físico decorrente de excesso de peso que tiveram de assumir para não deixar seus filhos sem cuidados de higiene e conforto, além de longas caminhadas com eles em seus colos de um lado para o outro, entrando e saindo dos ônibus, etc. Isso não significa deixar de cuidar de seus filhos com deficiência, mas oferecer oportunidade para que elas também se cuidem e participem como voluntária nessas instituições, “ Gostaria de deixar claro que ninguém quer abandonar seus filhos nas instituições, ao contrário , elas querem participar de tudo de lá, cuidar deles, cozinhar, passar, aprender... Só que ficariam mais tranquilas para morrer, quando chegassem a hora”
  Esses são os desabafos que ouço, dúvidas comuns a tantas famílias e pessoas com deficiência, que precisam ser eliminadas a partir de mudanças de paradigma, de olhar, e sobretudo na forma convencional de se priorizar políticas e ações públicas. Penso que chegou a hora de rever conceitos métodos e fórmas pré-estabelecidas, dando margem para emergir de espaços participativos, oportunidades para nos coadunar melhor com a sintonia da realidade.
     Conquistas não acontecem por acaso. Relutam de lutas, às vezes de uma única pessoa, outras vezes da coletividade. Pois bem a luta da pessoa com deficiência tem o apoio de diversas organizações por todo o mundo. Todos interagem para a construção de uma sociedade mais justa.

                           JOEL TRANCOSO CLAUDINO 

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